VIVEMOS UMA DEMOCRACIA OU UMA DITADURA?
Rodrigo Borges de Campos Netto
Conversando com uma amiga, que dizia não entender o porquê de tanto receio ao risco de um ditadura, já que vamos votar e eleger os novos governantes e, portanto, não estamos submetidos à ditadura, argumentei o seguinte: “Você tem razão, ainda não vivemos uma ditadura propriamente dita”.
Mas não se pode fazer vista grossa para o fato de que o conjunto dos movimentos destes que estão no poder apontam inevitavelmente para tal. Vejamos:
– as tentativas de se estabelecer o “controle social da imprensa”, ou seja, censura;
– o Conselho Nacional de Jornalismo (CNJ), que se pretendeu implantar, mais censura;
– a Ancinav, que também se tentou criar pra controlar a produção cultural;
– a clara intenção do partido único e hegemônico;
– a mais absoluta ausência de discernimento quanto ao que é governo e ao que é partido, quanto ao que é exclusivamente público e ao que é privado;
– o aparelhamento do Estado levado às últimas consequências, com objetivos muito claros e pouco republicanos, isso para não falar de seus efeitos deletérios na qualidade dos serviços públicos, da corrupção etc;
– o desrespeito e mesmo desprezo pelas instituições que dão corpo e alma à democracia;
– a reiterada (e até debochada) transgressão às regras democráticas e do jogo eleitoral;
– a utilização da mentira mais deslavada para enganar a população em geral e os eleitores em particular;
– a desonestidade intelectual ao negar tudo o que os outros presidentes fizeram;
– a apropriação indébita das realizações dos outros presidentes como se suas fossem;
– o populismo messiânico que se busca estabelecer;
– a volta do personalismo tão retrógrado e que se julgava coisa do passado;
– a intolerância à divergência;
– a incitação à violência;
– a tentativa maniqueísta de dividir o país entre pobres e ricos, jogar uns contra os outros gerando ódio na população;
– o desejo explícito do extermínio das oposições;
– a utilização da máquina estatal, inclusive informações confidenciais, para fins eleitorais e de perseguição política.
– no plano internacional, as “afinidades eletivas” do atual presidente a governantes com clara vocação autoritária, tais como Hugo Chávez, Evo Morales, Fidel Castro, Cristina Kirchner e Mahmoud Ahmadinejad;
Enfim, todo esse conjunto de ações apontam para o quê? Democracia? Não, apontam claramente para uma ditadura totalitária, com o perdão da redundância.
É assim que eu vejo a situação hoje em nosso país. Por isso eu digo: o que está em jogo é uma opção (ou não) pela manutenção da democracia e das liberdades a ela inerentes.
Rodrigo Borges de Campos Netto, Cientista Político
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Extraido do Jornal do Brasil -- 24/10/2010
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